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O número de autistas no mundo aumentou???

 Olarrrr pessoas !!!! Tudo bem com vocês? 
 Como prometido, eu fiquei de falar com vocês sobre; Transtorno do espectro autista.(TEA)


 Hoje em dia está sendo muito bem divulgado e falado. Muito graças a luta incessante de pais, mães, avós, familiares, e de muitos profissionais especialistas, para fazer com que esse seja um transtorno que fosse levado realmente  a sério.
 Mesmo assim, já vi vários comentários de pessoas falando: 
- Nossa mais tudo é autismo agora?
- Nossa, como aumentou o número de autistas, na minha época não tinha isso não!!!
- Isso é frescura.
- Na minha época a gente dizia que era débil mental... entre outros .

       Muitas pessoas podem fazer esses tipos de comentários, não por maldade, mas por falta de informação e conhecimento mesmo.
 Lógico que existe pessoas maldosas que falam porque são amarguradas. Mas percebi que em sua grande maioria, são pessoas de outras gerações... 
Onde nós sabemos que o mundo em si era bem diferente. 
Vou abordar o tema com muito cuidado e respeito e respaldada pelos estudos mais atuais, me guiando por médicos e profissionais que eu confio e na linha que eles seguem. 

Primeiro vamos a questão básica: O que é espectro autista? É uma deficiência? Uma síndrome? 

Segundo os portais de saúde, inclusive do portal de saúde do gov.com.br  

"O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

     Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. A prevalência é maior no sexo masculino."

Portanto não é uma deficiência, não é uma síndrome ele é nomeado de transtorno.

Dito isso, outro nome que você pode estar estranhando, é o "espectro" e o porque dele aparecer no nome ao lado do transtorno. 

 O site do hospital Albert Einstein define isso muito bem:

"O termo “espectro” foi inserido ao nome do transtorno autista em 2013, por conta da diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam. 

Cada indivíduo com autismo, tem seu próprio conjunto de manifestações, tornando-o único dentro do "espectro" ''.

Apesar de hoje ser bem conhecido, nem sempre o diagnóstico de autismo existiu.

 Foi por meio de um processo histórico, que podemos observar as enormes mudanças do diagnóstico:

Kanner em 1943, usa o nome "autismo", (a mesma usada por Bleuer em 1911) em sua obra “Autistic Disturbances of Affective Contact”. Nesse estudo, observou 11 crianças que apresentavam uma série de características peculiares, tais como “obsessividade”, “estereotipias” e “ecolalia”.

Gadia et al. (2004) relatam, que um ano mais tarde da publicação de Kanner, Hans Asperger descreveu casos que se assemelhavam aos descritos por Kanner, as crianças mantinham preservação cognitiva, mas apresentavam dificuldades de comunicação social. Daí vem o nome “síndrome de Asperger”, hoje tão conhecida.

No início, pensavam que o autismo fazia parte do quadro das esquizofrenias. 

Muitos autistas no século passado, foram diagnosticados como esquizofrênicos. Mas em 1987 o autismo foi separado da esquizofrenia e passou a ser classificado com um Transtorno pelo DSM-III-R (Manual Estatístico e Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria).

Em 1995, na versão do DSM-IV(Manual Estatístico e Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria)o autismo foi considerado um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. 

Passou a ter inclusão dos quadros de Transtorno de Rett, Transtorno de Asperger e Transtorno Desintegrativo da Infância.

Atualmente, temos disponível a atualização do DSM-V, que utiliza da nomeação Transtorno Espectro Autista (TEA Autismo). 

       Ela segue dois critérios: (1) déficits na comunicação social e interação social, e (2) padrões limitados, repetitivos e estereotipados de comportamentos interesses e atividades.

       Com isso podemos ter a falsa impressão que o número de autistas aumentou, mas o que ocorreu, foi que com o avanço das pesquisas e estudos, o diagnóstico ficou mais simplificado. Ocasionando a possibilidade de diagnóstico tardio. Inclusive das pessoas com diagnóstico errado de esquizofrenia e afins. Não necessariamente que o número aumentou de uma hora pra outra, levando em conta a diferença populacional de séculos atrás e todos os outros contextos, a ocorrência do autismo é algo que se mostra crescente, porque agora se tem o diagnóstico correto. Segundo Silva et al. (2012), tal atribuição fez com que o autismo consequentemente fosse mais conhecido.
 Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que cerca de 70 milhões de pessoas são acometidas pelo Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e sua prevalência se faz maior em indivíduos do sexo masculino.
Segundo Mayra Gaiato do Instituto Singular, "Apesar de o diagnóstico ter sido unificado pelo DSM-V, nem todos os autistas são iguais.
         Assim, como cada indivíduo é único, as crianças com Transtorno de Espectro Autista(TEA), podem apresentar nuances muito diversas dentro de algumas características. Dessa forma, é importante ficar atento aos detalhes e, caso os sinais sejam notados, vale sempre levar a criança a profissionais capacitados para uma avaliação com uma equipe multidisciplinar". 

Ainda segundo o Instituto Singular,
"Há várias características e níveis de autismo, estudadas e catalogadas pela ciência, mas existem também vários mitos a respeito dele". 
         Por isso, tomem cuidado com as fontes de pesquisa. 
  Vale observar bem os sinais de autismo, e o quanto mais cedo se iniciar intervenção, mais chances se tem de aumentar a autonomia da criança.

 Os sinais de autismo infantil podem ser identificados antes dos dois anos de idade e até mesmo em bebês pequenos. Porém, poucas das crianças com TEA são identificadas antes dos 3 anos de idade.

Vamos ver então quais são esses sinais: 

Dificuldade de comunicação

A alteração em comunicação social no Transtorno de Espectro Autista (TEA) pode aparecer com:

  • Dificuldade no contato visual. Assim, pode ser raro que nos olhem diretamente nos olhos.
  • Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais.
  • Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e sentimentos relacionados ao outro.
  • Não se interessam por coisas que as outras crianças propõem (brinquedos ou brincadeiras que não sejam do seu interesse). Por exemplo, enquanto as outras crianças brincam com peças de montar e planejam fazer um prédio, a criança com autismo usa as pecas para enfileirar ou empilhar.
  • Aproximação de uma maneira não natural, robotizada, “aprendida”. Dessa forma, a criança com autismo pode ter fracasso ou sérias dificuldades nas conversas interpessoais.
  • Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou sentindo. Por exemplo, quando alguém relata estar aborrecido com o trabalho. Nessa situação, a pessoa com TEA pergunta sobre o tipo de serviço que ele faz e não sobre o sentimento que ele traz.
  • Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais. Geralmente, não iniciam conversas ou brincadeiras, e quando são chamados para interagir, muitas vezes não respondem.
  • Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas, tais como as expressões faciais, gestos, sinais com os olhos, cabeça e mãos.
  • Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais, tais como dificuldade de dividir brinquedos, mudanças de brincadeiras, participar de brincadeiras imaginárias (casinha, por exemplo).

Além da dificuldade comunicativa, autistas apresentam também interesses limitados, repetitivos e estereotipados. Dentre eles, estão:

  • Movimentos repetitivos ou estereotipados com objetos e/ou fala. Por exemplo: Pegar um carrinho, virar e girar a rodinha repetidamente, ao invés de brincar da forma esperada; ou também pegar bonecos e jogá-los ou colocá-los na boca, em vez de montar uma brincadeira criativa com eles.
  • Na fala, repetições de filmes ou desenhos, falando sozinhos numa linguagem “própria”, sem função de interação social. Assim, em vez de usar essas falas repetidas para se comunicar, ficam apenas repetindo as sentenças e palavras, sem objetivo social.
  • Insistência em rotinas, rituais de comportamentos padronizados, fixação em temas e interesses restritos. Por exemplo, só falar de carros ou de um personagem, não se interessando por outros assuntos; ou, ainda, só querer jogar o mesmo jogo no tablet e no celular.
  • Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as mãos, tais como abanar as mãozinhas, pular ou rodar, bater as mãos, alinhar objetos, empilhar.
  • Extrema angústia com pequenas mudanças na rotina, como mudar o caminho de casa, por exemplo. Gostam de manter os mesmos costumes, entendem que o mundo “correto” é como eles aprenderam na primeira vez. Dessa forma, tentam manter o mesmo padrão, sempre, e muitas vezes se irritam quando algo é alterado.
  • Forte apego a objetos, gastando muito tempo observando ou usando um mesmo brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba nas mãos. Mesmo quando pedimos para escolher outro, não conseguem parar de se preocupar com aquele determinado objeto. Nesses momentos, dificilmente a criança compartilha conosco o que está fazendo. Ela não traz para nos mostrar e não nos olha com a intenção de ver se estamos vendo-a.

Também é comum que autistas apresentem certas alterações na sensibilidade, como por exemplo:

  • Sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou ficar extremamente interessados em luzes, brilhos e determinados movimentos repetitivos, como objetos girando ou ventiladores, por exemplo. Assim, podem ficar extremamente interessados num estímulo, como também ficar muito irritados com ele.
  • Hiper ou hipo reação a estímulos do ambiente como sons ou texturas.
  • Alteração na sensibilidade a dor. Algumas vezes, os pais descrevem quedas ou batidas que parecem não ter causado dor alguma na criança, tal como era de se esperar". 

       Para estar no espectro autista seu filho(a) não precisa apresentar essa lista de características, mas fique atento e caso ele(a) tenha três ou mais características, talvez já seja o caso de buscar uma avaliação profissional para tirar a dúvida. 
O diagnóstico  e intervenção precoce, proporcionam melhor qualidade de vida pros pais e pra criança também, que tem oportunidade de se desenvolver melhor com os estímulos corretos. 

Pra finalizar deixo um trecho importantíssimo de um post da equipe multidisciplinar do Instituto Singular, com os dois dos grandes mitos que se tem sobre o autismo:

Esses são os chamados “mitos” sobre o autismo, que trazem inverdades a respeito dos nossos pequenos e seus potenciais.

A “Mãe Geladeira”: mitos sobre a mãe ‘fria’

Um dos mitos sobre o Transtorno do Espectro Autista surgiu entre os anos de 1950 e 1960. Na época, a causa do TEA foi atribuída ao ambiente, ou seja, a criança desenvolveria autismo por influência do seu entorno.

Com isso, criou-se a teoria da “Mãe Geladeira”, por Bruno Bettelheim, em seu livro “The empty fortress” (A fortaleza vazia). Essa teoria culpabilizava os pais (em especial as mães) das crianças com autismo, afirmando que, por serem muito “frios” e pouco afetuosos com seus filhos, estes se tornariam autistas.

Leo Kanner compartilhou deste pensamento por alguns anos. Isso até ele perceber que alguns pais também tinham a carga genética do autismo e, por isso, pareciam interagir menos com as crianças. Por fim, o médico veio a público se desculpar pelo absurdo afirmado com esta teoria.

Hoje, com o avanço da medicina, temos a certeza de que a suposição não é verdadeira. Na nossa prática, observamos pais mais afetuosos com seus filhos que estão no espectro, do que pais das crianças consideradas típicas.

Dessa forma, é essencial combater esse tipo de mito, para que as mães possam ter um relacionamento mais leve e frutífero seus filhos. Além disso, a saúde mental dos familiares é de extrema importância para as terapias dos pequenos, certo?

Vacina causa autismo?

Outro dos mitos mais comuns diz o seguinte: vacinas podem causar autismo.

Atualmente, sabemos que essa hipótese é falsa. Mas como ela surgiu?

      Um estudo publicado na revista Lancet, em 1998, afirmava que algumas vacinas poderiam causar autismo. Uma das vacinas citadas era a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola). O médico Andrew Wakefield foi o responsável por essa pesquisa preliminar.

A partir disso, durante muitos anos a comunidade científica realizou estudos para validar essa relação de causa e efeito. No entanto, não há nenhuma comprovação. Pelo contrário, os efeitos notados foram que, enquanto os números de casos de sarampo cresciam, os casos de autismo continuavam os mesmos.

Uma investigação foi feita e descobriram-se vários problemas sérios. O médico ignorou informações valiosas, teve má conduta e tinha, até mesmo, conflito de interesse com o próprio estudo. A comunidade científica invalidou os resultados e considerou a pesquisador irresponsável pela atitude fraudulenta, dado que surtos de sarampo ocorreram em consequência do medo dos pais de vacinarem seus filhos.

Os cientistas descartaram o suposto elo entre vacina e TEA. Com isso, Wakefield perdeu seu registro de médico e o Conselho Geral de Medicina considerou sua atitude desonesta, enganosa e irresponsável, por ter publicado o estudo.

Por que ainda se propaga tanto o mito de que vacina causa autismo?

Essa ligação entre a vacina e o Transtorno do Espectro Autista pode ter sido feita por uma coincidência do período da vida da criança.

Até os 2 anos de idade, as crianças tomam cerca 33 tipos de vacina que as protegem contra doenças muito graves, principalmente se estão desprotegidas. É também nessa mesma faixa etária que os diagnósticos de autismo ficam mais evidentes para profissionais.

Além da coincidência da idade em que os sinais aparecem, outro fator pode relacionar o surgimento dos sinais com a época das vacinas: o Autismo Regressivo.

Cerca de 1/3 das crianças com autismo desenvolvem a fala, a interação social e o uso de brinquedos de forma parecida com crianças com desenvolvimento típico. Contudo, por volta dos dois anos de idade, começam a regredir nesses comportamentos. Elas ficam “apáticas”, param de interagir e podem ter regressão na comunicação.

Isso, entretanto, não tem relação nenhuma com as vacinas que os nossos pequenos devem tomar para crescer saudáveis! No geral, essa mudança de comportamentos está relacionada à poda neuronal, que pode ocorrer nessa fase da vida.

A importância da ciência no combate aos mitos sobre o autismo

     Assim como as vacinas, os conhecimentos que temos hoje sobre o autismo também são fruto da pesquisa científica. Da mesma forma, os estudos possibilitaram confirmar que as mães “geladeira” não têm culpa pela neurodiversidade de seus filhos, bem como compreender que as causas do TEA são predominantemente genéticas, embora o ambiente também tenha a sua importância para o estímulo do desenvolvimento infantil.

Sabemos, também por causa da ciência, que nossos pequenos com autismo não são “errados” nem “disfuncionais”. Eles apenas apresentam um comportamento atípico e singular, que deve sempre ser considerado, para que eles possam realizar seus potenciais ao máximo!".

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